sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

DEDICATÓRIAS

seus olhos são escuros
como respostas aguardando
mergulhadas no fundo
onde meus olhos procuram
suas mãos no instante
em que me deflagro:

avanço ao território
do seu alcance futuro
desperto outro chão
que te sustentará, me consumindo
e te consumirá, me sustentando


mas em nossa casa não quero um jardim. Quero terra úmida, sob sombras e frutas frescas. Terra de mato e raízes, que pisaremos descalços, entre plantas e pássaros e gente mais miúda, sorrindo proliferando-se, e sentindo a respiração o bastante.

Depois do espelho

, a travessia do estado de espelho. Depois do batismo da alienação (nosso sacramento moderno desde Hegel), o segundo batismo seria aquele que nos transporta para além da alienação, para a alteridade pura.

(Baudrillard)

As formigas e eu

... frenéticas, no trabalho silencioso da casa. Ocorre ter aceitado cuidar de ser mulher, preparando outra pessoa, por alimentar, é evidente, uma essa veia antiga, como daquelas - que se geraram varizes nas abençoadas pernas de minhas avós.

Não bem assim tão voluntário quanto se pretendia até meu próprio berço. Naturalmente seria, é o que se dizia. Digo eu, consequentemente. Como após o salto tem-se o chão a pisar. Fim de ato (rima coincidente) já escolhido, por um esforço dispendido. Admito, há nisso um bom tanto de determinismo arrependido, que nem me faz rir ou chorar. A remediar, pode ser, uma carência de fé incoercível. Mas é puro leite derramado, que não secou.